A indulgência plenária é um gesto que tem sabor de eternidade

Santos da Igreja
Um pedacinho de divino enxertado na terra. No fundo, basta pouco para escancarar o escrínio dos “bens espirituais e sobrenaturais” que constituem a riqueza da vida cristã. Um dos tesouros disponíveis é a Indulgência plenária e a chave para obtê-la é um gesto de humildade, simples e poderoso como o colocar-se de joelhos, reconciliar-se com Deus através do Sacramento da Confissão, fazer a Comunhão, professar o Credo, rezar segundo as intenções do Papa.

O penitencieiro-mor, cardeal Mauro Piacenza, recorda os passos que preparam para o “pio exercício” da Indulgência, que define “uma vertente eficaz e acessível da fé” na comunhão dos santos. “Dá um amplo respiro à nossa existência terrena, e nos recorda, com eficácia extraordinária, que as nossas ações têm um valor infinito.”

Unidos para além do limiar do tempo

A penitencieiro-mor reflete sobre a natureza humano-divina deste gesto nas três páginas de sua carta, preparada na iminência das duas celebrações de 1º e 2 de novembro, respectivamente, “Solenidade de Todos os Santos” e “Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos”.

Como todo ato que incide na esfera religiosa, observa, as ações que a Igreja convida a realizar nestes dias permitem “robustecer a fé”. Para o cardeal Piacenza, a Indulgência plenária é em particular um dom a ser oferecido “com grande generosidade”, aos entes queridos, aos irmãos que, ultrapassando o limiar do tempo, nada mais podem para si mesmos, mas muito ainda podem receber da nossa caridade. Desse modo, nossa relação de amor com eles continua e se reforça”.

“Nestes dias, no confessionário, quantas ocasiões de consolação, de encorajamento, quantas lágrimas podem ser enxugadas.”

Ocasiões para consolar e perdoar

Assim, pensando “nestes dias santos”, o purpurado dirige aos fiéis não tanto um “vamos”, mas um “corramos ao confessionário” e pede igual generosidade aos confessores na administração do Sacramento.

“Pode-se adquirir mais méritos em horas e horas de confessionário do que em muitas reuniões “organizativas” das quais todos conhecemos a utilidade e o êxito...!”, pondera o cardeal Piacenza, que exorta ainda:

“Nestes dias, no confessionário, quantas ocasiões de consolação, de encorajamento, quantas lágrimas podem ser enxugadas”, quantas ocasiões providenciais “para poder ilustrar a realidade da vida eterna, para estimular ao perdão, à ternura nas obras de misericórdia, para compreender o sentido da peregrinação cotidiana”.

“Coloquemos todo nosso coração ao ministério da escuta, da consolação, da orientação, do perdão”, conclui o penitencieiro-mor da Penitenciaria Apostólica.

Alessandro De Carolis / Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano

Vatican News

Memória de Santo Tomás de Aquino

   Inteligência admirável e portentosa, Santo Tomás não foi menos agraciado por Deus em sua vontade e coração singulares, que aderiram com amor fervente à Verdade meditada e estudada.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 3, 22-30)
Naquele tempo, os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Beelzebul, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: “Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. Se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se. Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa.
Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno”. Jesus falou isso, porque diziam: “Ele está possuído por um espírito mau”.
   A Santa Igreja Católica se enche hoje de alegria ao celebrar a memória do seu maior e mais insigne Doutor, Santo Tomás de Aquino, burilado com singular esmero pela divina Sabedoria para ser mestre imbatível de todos os cristãos. Tão grande é a autoridade de Santo Tomás aos olhos da Igreja que, não à toa, ela o considera, ao lado de S. Paulo Apóstolo e de S. Agostinho, uma de suas colunas mestras em matéria doutrinal e teológica. Inumeráveis documentos pontifícios atestam sem margem a dúvidas esse sentir comum que atravessa já sete séculos. Não é exagero afirmar, com efeito, que, mesmo antes de sua morte, não houve Pontífice, de Alexandre IV até os dias de hoje, que não tenha encarecido e recomendado vivamente a obra do Aquinate, na qual a razão humana — escrevia o Papa Leão XIII — alçou-se aos mais elevados cumes que lhe são possíveis, e a fé encontrou nas forças naturais da razão os mais numerosos e válidos auxílios para defender-se dos seus impugnadores (cf. Encíclica Aeterni Patris, de 4 ago. 1879).

   Mas se a Igreja tem a Santo Tomás em tão grande em estima por causa do valor perene e inconcusso dos seus escritos, nem por isso o deixa de propor aos fiéis como modelo de santidade singular. Seria, pois, uma grave desfiguração querer ver nele um intelectual ensimesmado, metido em seu escritório sem interesse algum pela vida ou pelos irmãos. Antes, pelo contrário, a história demonstra claramente que à grandeza de sua inteligência estava unida sempre uma vontade não menos agraciada, que o fazia amar intensamente e degustar com não menor fruto as verdades que com tanto gênio ele investigou, dilucidou e defendeu, em favor das gerações futuras e para triunfo da Santa Igreja Romana. Mas, se quisermos saber melhor como era de feições esse coração por trás de uma Suma Teológica, basta-nos recordar aquele conhecido episódio em que, diante do crucifixo que lhe perguntara: “Escreveste bem a meu respeito, Tomás. Que queres em recompensa?”, ele se limitou a responder, com a humildade e a santa pretensão de quem só se satisfaz com o único necessário, o amor de Cristo: “Nada além de ti, Senhor”. Encomendemo-nos hoje e sempre à intercessão de Santo Tomás de Aquino, jóia e ornamento incomparável da Madre Igreja e dom preciosíssimo do céu. Que Deus nos conceda, pelo méritos e preces do Doutor Comum, poder imitar na terra as virtudes de tão grande santo e participar, tanto quanto nos for possível, da ciência de tão grande sábio. — Santo Tomás de Aquino, rogai por nós!

Fonte

Santo Antônio de Lisboa

Santo Antônio com o Menino Jesus em pintura de Stephan Kessler



Seu nome de batismo é Fernando. Nasceu em Lisboa, Portugal, por volta do dia 15 de agosto de 1125, no seio de uma nobre família. Com 15 anos, entra para a Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho. Preparou-se para o sacerdócio no mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra. Sendo ordenado sacerdote, com 24 anos de idade, foi encaminhado à carreira de filósofo e teólogo. Mas, desejava uma vida religiosa mais severa. A reviravolta deu-se em 1220, quando chegaram à igreja de Santa Cruz os restos mortais de cinco missionários franciscanos, torturados e assassinados em Marrocos.

Da regra agostiniana à regra franciscana

Fernando decidiu deixar os Cônegos agostinianos para seguir as pegadas de São Francisco de Assis; escolheu ser chamado Antônio, para imitar o santo anacoreta egípcio. Amadureceu um forte impulso à missão e, seguindo este ideal, partiu para o Marrocos. Porém, contraiu uma doença e foi obrigado a um repouso forçado, sem poder pregar. Não teve outra opção a não ser ir para a Itália. No entanto, o navio no qual embarcou, naufragou no golfo da Sicília. Tendo-se restabelecido, em 1221, foi parar em Assis, onde Francisco havia convocado todos os seus frades. Esta foi uma ocasião propícia para conhecê-lo pessoalmente, não obstante tenha sido um encontro simples. Revigorando sua escolha de seguir a Cristo, na fraternidade Franciscana, Antônio foi enviado ao eremitério de Montepaolo, na Romanha. Ali, dedicou-se, sobretudo, à oração, meditação, penitência e trabalhos humildes.

Antônio pregador

Em setembro de 1222, Antônio foi enviado a fazer pregação em Forlì, onde revelou seu talento. Das suas palavras emergiram uma profunda cultura bíblica e simplicidade de expressão. A Assidua, a primeira biografia de Santo Antônio, narra: “A sua língua, movida pelo Espírito Santo, começou a raciocinar sobre muitos assuntos, com ponderação, de modo claro e conciso”. Desde então, Antônio começou a percorrer o norte da Itália e o sul da França, pregando o Evangelho aos povos e povoados, muitas vezes confusos pelas heresias do tempo, sem poupar críticas contra a decadência moral de alguns expoentes da Igreja. No ano seguinte, em Bolonha, foi mestre de Teologia para os frades que se formavam. Foi o próprio Francisco que, com uma carta, conferiu-lhe este encargo, autorizando-o a ensinar e recomendando-lhe também a não se descuidar da oração.

A escolha de Pádua

Pelos seus talentos, que Antônio demonstra saber colocar ao serviço do Reino de Deus, com 32 anos foi nomeado superior das Fraternidades franciscanas do norte da Itália. Ao cumprir tal função, visitou, incansavelmente, os numerosos Conventos, sob a sua jurisdição, e abriu outros. No entanto, continuou a atrair grandes multidões com suas pregações, transcorrendo diversas horas no confessionário e a reservar, para si, momentos de retiro em solidão. Decidiu estabelecer-se em Pádua, junto à pequena comunidade franciscana da igreja de Santa Maria Mater Domini. Não obstante a sua pouca presença, instaurou com a cidade um forte ligação, prodigalizando em prol dos pobres e contra as injustiças. Precisamente em Pádua, teriam sido escritos os Sermones, um tratado para instruir os coirmãos à pregação do Evangelho e ao preceito dos Sacramentos, sobretudo, da penitência e da Eucaristia.

A pregação da Quaresma, em 1231, é considerada seu testamento espiritual, à qual se deve incluir a sua dedicação amorosa, por horas e horas, às confissões. Após as celebrações pascais, abatido por problemas de saúde e consumido pela fadiga, Antônio aceitou retirar-se por um período de convalescença; depois, com alguns coirmãos, aceitou o convite de um período de descanso e de meditação em um pequeno eremitério, em Camposampiero, a poucos quilômetros de Pádua. Pediu que lhe fosse adaptado um simples refúgio sobre uma grande nogueira, onde transcorrer os dias em contemplação e em contato com a gente humilde da periferia do campo, voltando para o eremitério só à noite. Ali, deu-se a visão do Menino Jesus.

No dia 13 de junho, Antônio sentiu-se mal; entendendo que a sua hora se aproximava, pediu para morrer em Pádua. Foi transportando por um carro de boi, mas, ao chegar à Arcella, um bairro às portas da cidade, expirou murmurando: “Vejo o meu Senhor!”.

Reconhecido pela influência de Santo Agostinho, Antônio conjugou, de modo original, mente e coração, pesquisa teórica, prática das virtudes, estudo e oração. Doutor da Igreja, Santo Antônio é simplesmente chamado em Pádua como “o Santo”.

Fonte: Vaticano

A indulgência plenária é um gesto que tem sabor de eternidade

Um pedacinho de divino enxertado na terra. No fundo, basta pouco para escancarar o escrínio dos “bens espirituais e sobrenaturais” que co...